O José deu entrada na Neonatologia no mesmo dia em que nasceu, porque apresentava e passo a citar " bossa serohemática volumosa, hipotonia global e gemido". Ok, em português simples: a cabeça deformada, não tinha muitas reacções e gemia, quem sabe com dor.
No dia seguinte vimos o nosso menino a tomar uns biberões de leite, menos queixoso e o pai atrapalhado entre acompanhar o pequenino, falar com a mãe que recuperava da cesariana e avisar os familiares e amigos. Não sabíamos ainda o problema real e a extensão deste. Entretanto fez uma R.M. e no dia seguinte, pum... as noticias no seu todo...explicaram-nos que o José "ficou" com paralisia cerebral, iria ser colocado num tipo de coma, ventilado e...por muito que nos tivesse custado ouvir... segunda-feira íramos ter uma conversa, provavelmente difícil... ou não ter conversa nenhuma, podia já não ser necessário.
Neste espaço e vendo a vida do nosso menino tão a fugir...decidimos baptiza-lo. Foi sem duvida o baptismo mais lindo e cheio de sentido que já assistimos. Era a nossa última esperança e talves a ultima coisa que faríamos por ele.
Não foi na segunda, foi terça-feira, mas embora não apresentasse melhoras significativas, estava vivo e iria fazer uma TAC daí a alguns dias. Uma grande esperança... mas também soubemos que as lesões eram extensas e tanto a nível cognitivo, como motor, o José iria ficar com muitas "marcas".
Entretanto fazia as refeições por sonda, assim como a medicação e nunca nos vamos esquecer da parafernalia de fios e tubos que saiam do corpo do nosso príncipe. Mas não estávamos sós, para além do apoio dos familiares e equipa médica, contávamos também com as "tias", Ora bem, passamos a explicar: as tias são uns anjos de branco que tudo faziam pelo nosso pequenino, desde dar a medicação e desligar o raio do apito da máquina que disparava como um louco, sem razão nenhuma. Sim, as tias são as enfermeiras, criaturas com qualidades excepcionais que foram "criadas" por uma entidade superior com o único intuito de ajudar os pequenos bebés a viver ou a sobreviver. Amigas dos pais, sempre com palavras amigas e de esperança. Obrigado a todas elas, fizeram que este tempo fosse muito menos doloroso.
Até que veio o dia em que o grande herói teve alta, muito melhor e foi para a pediatria... mas isso é assunto para outra mensagem, que esta já vai longa...
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